Lideranças de acampamentos e representantes de trabalhadores rurais se reuniram na manhã desta segunda-feira (22) na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul para o Seminário “Reforma Agrária como Dinamizador do Desenvolvimento Sustentável”, em um grande debate pela reforma agrária em Mato Grosso do Sul. O encontro contou com discursos e presenças do vice-governador, José Carlos Barbosa, o “Barbosinha”, da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet e dos deputados federais Camila Jara e Vander Loubet (PT).
Com um grande volume de pessoas, que, mesmo sob um clima chuvoso, estiveram no Parque dos Poderes para se manifestarem e prestigiar o momento, o encontro revelaram tanto a esperança, quanto às críticas em relação à condução do processo de assentamento de famílias no estado.
Destacando-se há anos na liderança de acampamentos e na luta pela reforma agrária em Mato Grosso do Sul, Josefa Batista dos Santos, destacou sua insatisfação com o andamento do movimento. “Hoje eu não gostei desse movimento, porque está tendo acepção de pessoas”, afirmou.
Segundo ela, embora a proposta principal fosse reivindicar a reforma agrária e emendas para os assentamentos, há uma percepção de distorção de prioridades.
“Eu vejo um cenário de muita crueldade, porque tem pessoas que estão acampadas há muitos anos, implorando por uma definição, e na hora da reivindicação acabam sendo colocadas em segundo plano. Vejo muito mais política do que ação efetiva”, criticou.
Já Sandra Maria Costa Soares, diretora executiva da União Geral dos Trabalhadores (UGT) e presidente da Federação da Agricultura Familiar e Empreendedora de Mato Grosso do Sul (FAFER-MS), enfatizou a importância do momento político. A dirigente lembrou da presença da ministra do Planejamento, que é sul-mato-grossense, e reforçou que a prioridade é garantir recursos para o pagamento das áreas destinadas à reforma agrária entre 2025 e 2026.
“O objetivo maior é assegurar o recurso para pagamento das áreas no estado. A previsão é finalizar até dezembro a primeira etapa, com uma boa quantidade de famílias assentadas, e o restante até 2026, atendendo pelo menos 8 mil famílias”, explicou.
Sandra reconhece que o governo federal está empenhado, mas ressalta a necessidade de articulação política. “Quem define os recursos é o Congresso e o Senado Federal. Precisamos fazer esse trabalho junto ao Ministério do Planejamento para que os valores sejam liberados. A perspectiva é boa, mas tem que ter luta.”