O ciclone Chido, que provocou ventos de mais de 225 quilômetros por hora (km/h), arrasou povoações inteiras, afetando sobretudo os mais pobres que viviam em bairros de lata.
O número de mortos poderá atingir “perto de mil ou mais do que isso”, disse o representante do governo na ilha do Oceano Índico, François-Xavier Bieuville.
Ele admitiu que é “extremamente difícil” obter um número exato agora, depois de as ilhas do Oceano Índico terem sido atingidas pelo intenso ciclone tropical no último sábado, causando destruição generalizada.
No entanto, o balanço final será “muito difícil”, uma vez que a tradição muçulmana, bem viva em Mayotte, exige que os mortos sejam enterrados “no prazo de 24 horas”, explicou nesse domingo François-Xavier Bieuville.
Segundo dados do Ministério do Interior, a população ilegal da ilha ultrapassa os 100 mil habitantes – de uma população oficial de 320 mil – tornando improvável a realização de contagem completa dos mortos. Segundo à agência francesa de notícias AFP, o ministro francês do Interior, Bruno Retailleau, foi nesta segunda-feira à ilha com 160 soldados e bombeiros para reforçar os 110 que já se encontram no local.
As autoridades francesas informaram que estão sendo realizadas operações marítimas e aéreas para transportar material e equipamento de socorro, depois de o ciclone Chido ter atingido as ilhas com ventos de mais de 200 km/h.
– Os primeiros aviões de intervenção chegaram a Mayotte para prestar ajuda de emergência face aos danos causados pelo ciclone. O governo está totalmente mobilizado para apoiar os habitantes de Mayotte neste momento – afirmou Nicolas Daragon, ministro francês da Segurança Interna, na rede social X.
O total de vítimas e a extensão dos danos físicos nas ilhas, que se situam entre Madagascar e Moçambique, ainda não é clara.
As autoridades também estabeleceram uma ponte aérea entre Mayotte e a Ilha da Reunião, outro território ultramarino francês do outro lado de Madagascar, disse Sebastien Lecornu, o ministro francês da Defesa.
– Para o alojamento dos serviços de emergência, três estruturas com capacidade para 150 pessoas estão no local, estando outra a caminho – acrescentou Lecornu no X, ao fim desse domingo, acrescentando que estão sendo fornecidos alimentos e geradores.
O ciclone Chido foi o mais forte a atingir Mayotte em mais de 90 anos, segundo o serviço meteorológico francês, Meteo France. Ontem, os moradores compararam o cenário a um apocalipse nuclear.
Mayotte, no sudeste do Oceano Índico, ao largo da costa da África, é a ilha mais pobre da França e o território mais pobre da União Europeia. Os destroços de centenas de casas improvisadas estão espalhados pelas encostas, coqueiros caíram sobre os telhados dos edifícios e os corredores dos hospitais estavam inundados, de acordo com imagens dos meios de comunicação locais.
Via RTP